quarta-feira, 15 de junho de 2022

A elegância socrática

 



    Assim se refere Diógenes Laércio ao modo de viver de Sócrates:

  “Sócrates foi um homem independente e da mais alta dignidade. No sétimo livro de seus Comentários, Panfile menciona a oferta que Alcibíades lhe fez de um grande terreno onde poderia construir um a casa; Sócrates, todavia, replicou: ‘Suponhamos então que eu necessitasse de sandálias e me oferecesses um couro inteiro para fazer um par; seria ridículo se eu aceitasse.’ Muitas vezes, observando a grande quantidade de mercadorias expostas à venda, ele dizia a si mesmo: ‘De quantas coisas não tenho necessidade!’
    (...)
    Ele era capaz de desdenhar quem o ridicularizasse, e se orgulhava de sua vida simples e de jamais haver aceito recompensa de ninguém; costumava dizer que apreciava principalmente o alimento que requeria o mínimo de temperos e que considerava mais agradável a bebida que não lhe despertava a vontade de beber mais, e que estava mais próximo dos deuses pelo fato de ter o mínimo de necessidades.
    (...)
    Sócrates costumava dizer que os outros homens viviam para comer, enquanto ele comia para viver. (...) Aisquines disse-lhe: ‘Sou pobre e nada mais tenho a dar-te além de mim mesmo’; Sócrates respondeu: ‘Ora! Não percebes que me estás oferecendo o maior de todos os presentes?’
    (...) 
    A alguém que falou: ‘Não achas que tal pessoa te injuria?’ Sócrates respondeu: ‘Não, pois essas coisas não me atingem’”.


(LAÉRCIO, Diógenes. Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres.
Tradução de Mário da Gama Kury. Brasìlia: Editora UnB, 1987, págs. 53, 54, 56 e 57).

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